“15/07/2016, algo entre 22h00min e 23h00min”.
Comprei esse jogo há pouco tempo e já vou zerar pela quarta vez, isso já virou cansativo, claramente me encontro com muita falta do que fazer. De repente me vem à cabeça realizar todas as atividades e trabalhos acumulados da faculdade, recordo-me bem da gigantesca lista de tarefas e desisto sem pensar duas vezes pelo motivo do qual as pessoas denominam preguiça, simplesmente isso. Decido mesmo é desligar o console, deitar pelo chão e começar a pensar nos problemas, lembrar-me do quão solitário é morar sozinho em um apartamento, não ter amigos, os quais eu não posso convidar para vir e muito menos uma namorada, além do fato de me encontrar bem distante de meus pais, isolado e sozinho, uma vida bem mais sem graça que a maioria das pessoas, não consigo erguer a cabeça de forma alguma para mudar esse quadro, as pessoas acabam por não gostarem de mim, e quanto a mim, tenho sentimento recíproco. Ah! Leva em conta também o fato de que sou bastante desastrado para tudo, não possuo coordenação motora e como resultado também sou péssimo em esportes, tenho notas baixas entre vários outros fatores, resumindo, sou um completo inútil, o que muitas vezes me deixa invisível para todos, daí começo a me perder em pensamentos, como agora...
... Certamente se eu continuar pensando demais nesse tipo de coisa vou acabar ficando mais pra baixo do que já estou, não sei mesmo porque comecei a lembrar destas coisas, já que o quadro se encontra irreversível. O correto agora seria dormir, amanhã começa a rotina novamente, os dias prolongados e repetitivos. Levanto do chão e caminho até a cama, fecho os olhos e minha mente começa a relaxar lentamente até adormecer.
Ao abrir os olhos vejo um amplo terreno, vazio e vasto ao mesmo tempo, não, espere! Tem algo se movendo no centro daquele campo! Vou até lá para ver o que é, mas não passa de uma esfera cinza flutuante bastante estranha, não aparentava ser algum metal, plástico, parecia mais alguma coisa... Digamos... Orgânica! O mais estranho de tudo é que não consigo sentir nada de anormal naquilo por mais bizarro que fosse. Sinto uma pulsação forte, como se estivesse me chamando e aos poucos aproximo minha mão daquela coisa visando toca-la, ela também vem se aproximando de mim, até que finalmente chega o momento em que nos encostamos, logo começa a brilhar intensamente e meus olhos são cobertos por uma forte luz, que acaba me cegando, abro os olhos e vejo a claridade do amanhecer. Surpresa! Tudo não passou de um sonho bastante imponderável, deixo isso para lá, me visto a vou para a tão tediosa faculdade na qual frequento, mais um dia chato!
Durante a aula começo a olhar pela janela e novamente me perder na minha própria mente. E sem nem perceber começo a lembrar de meu sonho, geralmente alguns acreditam que sonhos podem ter significados, certamente não acredito nisso, mas foi bem real aquela sensação, parecia que estava me chamando... Ainda sinto um pouco isso, de alguma forma...
Sou interrompido brevemente por uma garota desconhecida, a mesma fala comigo, perguntava meu nome, se encontrava com o fardamento do local onde eu estudava. Bastante linda, delicada, apresentava lábios finos, pele clara, cabelos lisos e negros que se estendiam até os seus ombros, rosto angelical, olhar penetrante e meigo simultaneamente, ou seja, um desastre para alguém tímido como eu, sem mais delongas, sou obrigado a interagir.
– De onde você surgiu?
Idiota! Idiota! Idiota! Não é do tipo de coisa que se diga pra alguém assim! Principalmente pra uma garota! Por sinal alguém no fundo da sala responde à minha pergunta;
– Seu retardado! O professor falou agora a pouco sobre ela, é aluna nova! E o mínimo que você deveria fazer era demonstrar simpatia, para que ela se sinta agradável no nosso ambiente escolar!
Apesar das ofensas, era verdade o que ele disse, devo ser mais educado. Apesar de tudo ela ainda me responde com um sorriso no rosto, sim, um sorriso demasiadamente encantador;
– Vim de um Campus próximo, sou transferida, é um prazer conhece-lo, mas ainda não sei seu nome, gostaria de conhece-lo melhor, poderíamos ser amigos.
De certa forma parecia que ela tinha se cativado por mim, mas porque um cara que nem eu? Ta aí a prova que tem gosto pra tudo! Decido responder, ela se aproximava cada vez mais de mim;
– O – o - olá, p-prazer em conhecê-la! Meu nome é Ha – Ha – Hazel!
Ela dá uma risada, de alguma forma ela se sente confortável em falar comigo, já eu me sinto extremamente tímido e nervoso, nunca ninguém puxou assunto comigo antes, principalmente uma garota tão bonita, o professor retoma a aula, logo fico mais aliviado já que assim ela retorna ao seu lugar, nem tinha me dado conta que estava tremendo um pouco e completamente vermelho, mais um pouco e começaria a ter calafrios, apesar de tudo fico curioso para saber sobre ela, talvez seja a primeira vez que me interesso em saber sobre alguém desta maneira, nem tanto interesses românticos, mas me parece uma pessoa bastante interessante.
Hora do intervalo! Quero encontra-la logo! Sigo para o pátio do colégio, lá está a tal garota, rodeada de pessoas, percebo que é bem popular, certamente fica bem clara a diferença de níveis entre eu e ela, então decido conversar outra hora, me viro e sigo o caminho de volta, me pergunto como eu teria chegado a essa situação de vida, como eu havia acabado, como alguns dizem, no fundo do poço... O primeiro fato é que sou uma pessoa bem ingênua, por isso se aproveitam de mim, já me gera revolta de minha parte e certo afastamento. Quando estou necessitado nem mesmo uma mão surge para me ajudar, ninguém se importou se estou feliz ou triste, caso esteja para baixo a única coisa que fazem questão é de pisar em mim mais ainda. Além de tudo andar com pessoas assim como eu, que não é popular faz com que se afastem, já que seguindo por lógica se forem meus amigos, acabarão tão isoladas quanto eu, então acabam tendo certo receio até mesmo de falar comigo. Hoje em dia as pessoas odeiam pessoas como eu, elas desistiram da amizade, amor, companheirismo, tudo o que existe ao redor se trata somente de alimentar seu álter ego e talvez para ela eu seja só mais um dentro de tantos, só mais um na lista de “amigos” pessoal! Ou talvez pior! Com certeza ela quer se aproveitar de mim! É a única explicação lógica! Acho que fiz papel de trouxa mais uma vez, melhor esquecê-la de uma vez! Gotas de lágrimas caem no chão, percebo que são minhas, decido me afastar mais do local do colégio, preciso de um tempo sozinho para pensar, atravesso então o portão, observo a rua... Tão vazia, talvez como meu coração em grande parte do tempo, vazio e deserto, caminho sem rumo em um deserto imundo, passo a passo a tristeza no coração aumenta, não exatamente por causa da garota, mas começo a sentir raiva de mim mesmo, penso se um dia essa dor irá sumir, ainda assim me recuso a deixar de ser eu mesmo, caso deixe esse princípio de lado, para mim, seria a mesma sensação de colocar minha cabeça perante a uma guilhotina, ou seja, por dentro, eu estaria morto.
Enquanto caminho, penso... Gostaria que em certo momento tudo mudasse de repente, talvez eu visse um mundo à parte em que eu não fosse tão sozinho e que houvesse pessoas que não... Que não fossem tão idiotas! O ser humano hoje faz de tudo para serem aceitos em grupos de sociedade sem nem mesmo observar o que estão se tornando, prefiro meu estado atual a ter esse tipo de atitude, para meu azar não tem ninguém assim no local onde estudo e sou sempre visto com maus olhos, não preciso de mudanças, mas sim encontrar alguém que me aceite como sou... Uh! Espere! Perdi-me agora tanto em meus pensamentos quanto na direção! Não tenho a mínima ideia de onde estou! Muita hora nessa calma é só usar o GPS! Pego o celular e para minha felicidade... Sem bateria! O local parece estar completamente abandonado, como sou azarado! Tento voltar, mas ali não reconheço lugar algum até que me deparo com uma esquina, decido virar à esquerda, ouço barulhos de passos, de repente faço a pergunta mais clichê de todas nesse tipo de situação;
– Quem está aí?
A mesma garota de antes surge em um beco próximo;
- Para onde você está indo?
- Nem mesmo eu sei, seguindo somente... Um caminho qualquer... Porque me seguiu?
- Vi você no intervalo, esta chorando. Não podia deixar você daquele jeito, mas também fiquei curiosa para saber aonde você ia, talvez até pudesse ajudar em algo. Creio eu que se soubesse que eu estava te seguindo nem me deixaria vir.
De certa forma pareciam palavras verdadeiras, acabo ficando triste, de certa forma ela só teve pena de mim mesmo, começo a sentir a mesma coisa, isto é, pena de mim mesmo, mas ergo a cabeça, mascaro meus sentimentos naquele momento e esclareço a situação atual;
– Err... Admiro suas considerações, mas nem mesmo eu sei onde estou no momento!
- Não me diga que nos perdemos!?
Ela parece meio assustada, digo que encontraremos “alguém” e perguntaremos a esse “alguém” como voltar, é só ter paciência, mas a rua praticamente deserta não ajuda nem um pouco, andando mais em frente encontro uma rua um tanto quanto larga, e no final um terreno baldio, vasto e vazio, não pode ser! É idêntico ao meu sonho! Impressiono-me por alguns minutos e fico parado igual a um esquisitão;
- O que você está fazendo parado aí? Não íamos procurar uma maneira de voltar?
– Eu sonhei com esse local! Foi um sonho estranho! Havia uma esfera cinza no centro, mas aqui não tem nada, está realmente vazio!
- Hã?
Ela parece não entender nem um pouco do que estou falando (Mas que óbvio), deve achar que sou maluco, deixo para lá a história do sonho, no momento tão vago e calmo (E na falta do que fazer) aproveito a oportunidade para perguntar o nome dela, já não me encontro tão nervoso perto dela quanto na sala.
- Qual o s-seu nome?
– Chamo-me Ebony! Desculpa não ter dito antes. Não gosto muito do meu nome.
- M-Mas é um nome lindo! Um tanto incomum, mas bonito. Desculpa eu ter sido grosso com você na sala.
- Na verdade não achei grosseria, achei meio engraçado o fato de...
A conversa é interrompida por uma forte pulsação, dessa vez não é nervoso por estar perto dela e sim a mesma pulsação do sonho. Sigo até o exato centro do local onde havia visto aquele treco se mexendo, cavo o lugar, sinto que deveria fazer isto, no entanto lá não encontro a mesma coisa que tinha visto no sonho e sim uma pedra acinzentada e brilhante, a partir do momento em que encosto no material o brilho e a cor se perdem, o objeto fica transparente, desencosto imediatamente, sua cor cinza não se restaura, neste momento aparece um senhor velho, de chapéu e bigode, que morava em uma casa próxima perguntando o porquê de eu estar cavando o terreno dele, peço desculpas e enterro novamente a pedra deixando o local quase que como novo, aproveito e pergunto para onde é o colégio e ele me indica o caminho, agradeço e me desculpo novamente. Ebony entra em minha frente, me olha nos olhos e pergunta o que estava acontecendo, certamente não havia como explicar o que ocorreu;
– N-Não sei. S-Simplesmente a gente se perdeu e o senhor indicou o caminho de volta, só isso!
Ela fica inconformada;
– Me refiro a escavar o quintal do senhor lá atrás sem motivo aparente! Foi uma falta de respeito! Mas deixa pra lá, ele perdoou a gente, mas você é bem estranho, meio louco também!
Não tenho explicações plausíveis para o que fiz, decido ficar calado e acabando por sair como vândalo (Louco e estranho) na história, ela parece decepcionada comigo. Continuamos caminho até chegar de volta à escola, na entrada três garotos bem mais velhos, dignos de adultos, estavam parando qualquer garoto que passasse na frente dos portões para poderem roubar, Ebony se mantém atrás de mim, parece estar com medo, eles me param e pedem dinheiro, digo que não possuo, mesmo assim eles insistem, a garota tenta fazê-los me deixar em paz, mas acaba sendo empurrada e dá de cara ao chão, logo começa a chorar, fico com muita raiva, é imperdoável alguém que agride uma dama desta maneira! Sem mais delongas acabo socando o rosto de um dos garotos, nossa, eu não deveria ter feito isso, agora eles parecem bem furiosos comigo. Dois deles me seguram e arrastam até um beco perto do colégio, Ebony aparenta ter fugido, ou foi buscar ajuda, não sei, portanto fico aliviado já que ela não se encontra em perig... O terceiro cara chega com um pedaço de madeira bastante robusto e me golpeia com força na cabeça, braços e ombros por diversas vezes seguidas, aos poucos minha visão começa a falhar, finalizando com um soco no estômago forte o suficiente para me fazer vomitar sangue, após a surra os dois me soltam, lentamente minha visão fica escura, a única coisa que ouvi antes de apagar foram risadas e um aviso de que amanhã eles retornariam.
Desperto... Olho pela janela e já é noite, observo ao redor e me encontrava em uma cama de hospital, logo ao meu lado estava Ebony e meus pais que vieram de longe para me ver. Tenho uma leve certeza de que foi Ebony que ligou para eles virem, deve ter conseguido o número pelo banco de dados do colégio, não consigo nem mesmo falar no momento, a última coisa que vejo é a enfermeira avisando que acabou o horário de visitas e os três se despedindo enquanto saem pela porta, acabo por desmaiar novamente. Abro os olhos, desta vez com o sol batendo em meu rosto, já não doía quase nada, haviam colocado uma televisão no quarto, estava passando o noticiário e percebo que se passaram quase uma semana e meia após o ocorrido, eram 27/07/2016, me assusto com o tempo que fiquei desacordado, não achei que fosse chegar a tal ponto, no máximo achei que iria desacordar somente por uma tarde naquele hospital, levanto da cama e saio em direção ao corredor, o hospital estava mais agitado que o normal, bem, isso no sentido bom, os médicos estavam empolgados com algo, parecia que tinha ocorrido algo extraordinário, indago ao homem que estava passando próximo a mim o que ocorria, ele parece se assustar comigo e chama os colegas de trabalho, em questão de minutos me encontro rodeado por médicos e enfermeiras e frases como “É ele mesmo!”, “Incrível”, coisas do tipo, um deles me chama em particular para uma sala, entro, daí começa o “interrogatório”.
– Olá garoto. Você é Hazel, certo? Chamo-me Anthony, é um prazer conhece-lo.
- P-Prazer doutor! Qual o motivo da conversa?
Não tenho a mínima ideia do que está acontecendo;
– Você ainda está sentindo muitas dores?
- Não, só um leve incômodo no ombro a alguns músculos levemente doloridos, e uma forte dor de cabeça.
Ele parece se impressionar ainda mais e explica;
– Você esteve aqui por somente doze dias, o que ocorre é que teve uma pequena rachadura no crânio, acabou deslocando ambos os ombros, sofreu hemorragia estomacal e vários hematomas, mas agora aí está você! Quase que completamente curado! E mal tínhamos começado o tratamento para sua recuperação, a única coisa anormal que ocorreu fora sua extraordinária recuperação foi que seu corpo a todo o momento precisava de alimento, arriscamos um soro mais fortificado para você e por sinal seu corpo não sofreu qualquer tipo de dano ou rejeição a ele, poderia ficar mais um pouco no hospital para estudos?
-Talvez uma outra hora.
Respondo enquanto me despeço;
- Ei! Volte aqui! Ainda está sob observação!
Ignoro e saio da sala mesmo assim, não quero passar dias e dias em uma droga de hospital! Passo rapidamente pelo corredor, pego minhas roupas que se encontravam no quarto onde eu estava (Que por sinal estavam bem sujas de sangue), visto- me e desço as escadas, vou até o apartamento onde moro já que não era muito distante, logo ao chegar olho para o relógio, eram exatamente 10hrs:34min da manhã, já não dava tempo de ir ao colégio que começava às 8, estava bastante atrasado, começo a jogar games como sempre, desta vez algumas partidas de jogos de luta, tais como Mortal Kombat, Street Fighters, etc. Ao chegar meio dia já me encontrava com mais fome que o habitual, pego algum dinheiro que tinha sobrando e vou até um restaurante, como um bife enorme que custava $25,00, momentos depois já estava satisfeito, estranhamente comi muito mais que o normal, decido retornar ao meu apartamento a pé para ajudar no processo digestivo, começo a correr para acelerar o processo e em menos de três minutos já canso, parece que ainda devo estar fraco, geralmente aguento em média uns seis minutos de corrida, desisto e vou pegar um ônibus, logo no ponto estavam lá um homem alto lendo um jornal apresentava barba estilosa não muito grande, cabelos grandes e brancos, apesar de ter cara de 30, chapéu estilo clássico de cor preta, casaco, calça e sapatos da mesma cor do chapéu e uma camisa branca com gravata, óculos de grau e ao lado um adolescente que apresentava cabelo ruivo e bagunçado, camisa listrada vermelho e branco, tênis branco com detalhes pretos, shorts jeans e um relógio de pulso, me encarava de certa forma, o homem abaixa o jornal e olha para mim como que desejasse algo.
- Olá Hazel! Estávamos a sua procura!
- Quem é você?!
- Isso são modos seu idiota?
Diz o garoto que estava do lado do homem. Após a interrupção o indivíduo mais velho retorna ao assunto do qual falava.
- Sou Vincent e esse aqui ao meu sado é o Sam. Como dizia, estávamos a sua procura, pessoas más intencionadas poderiam ter chegado antes de nós, para sua sorte você veio até a gente, você adquiriu um dom, assim como eu e Sam, mas só para ter certeza, você encontrou alguma pedra brilhosa ou algo do tipo? Eu poderia te explicar tudo!
- Sim, encontrei, mas o que isso tem haver? Refere-se a eu ter me curado rápido no hospital? Foi apenas sorte, os médicos são habilidosos!
- Chama isso de sorte? Foi rápido até demais para uma pessoa comum, além do mais até mesmo de ferimentos incuráveis sem o auxílio de cirurgia, tal como sua fratura no crânio, suponho que você teria conseguido a habilidade de aumentar sua capacidade regenerativa, assim você se cura mais rápido e de ferimentos mais críticos, mas não é uma certeza, ainda precisamos estuda-lo!
Parecia loucura, mas julgando o que aconteceu nos últimos dias, acabei introduzindo esse tipo de situação anormal no meu dia a dia, cada um que me aparece;
– Porque deveria confiar em dois caras que acabei de conhecer?
– Simplesmente veja as notícias.
Vincent me entrega um celular com as notícias recentes,” Hospital é atacado e explodido por terroristas”, era o hospital em que eu estava presente mais cedo lá na foto, a noticia foi postada quase que nesse instante, na descrição diz que houve dezesseis mortos encontrados, o restante ainda está para ser investigado, incluindo pacientes que acabaram envolvidos, somente quatro foram encontrados vivos até agora, mas muito feridos, relataram que dois caras entraram e explodiram o hospital, um deles dizia “Não houve nenhum ferido nessa hora, mas assustou bastante no momento, horas depois vieram cinco homens encapuzados e armados, não se pareciam nem um pouco com os que realizaram a explosão, atacaram a todos, pareciam procurar por algo, mas aparentemente não encontraram.” Se realmente aconteceu, meu Deus! Isso seria culpa minha?! Pessoas inocentes morreram por minha causa?! Não, não é verdade! É só uma coincidência, melhor ir para casa e esquecer tudo!
– Se bem que a parte dos dois primeiros que explodiram o prédio foi um acidente, err... Ali fomos nós dois aqui, sabe, quando Sam fica irritando ele não consegue controlar seus poderes muito bem, por sorte a explosão não foi muito grande. No entanto os outros que chegaram depois... Eles sim são gente perigosa, que fizeram aquele tipo de barbárie com inocentes.
Começo a pensar que não passam de dois malucos, poderes? Habilidades? Explosões? Por sorte o ônibus já vem chegando à esquina, embarco nele deixando os dois para trás, no entanto o moço de antes ainda avisa;
– Se mudar de ideia estaremos aqui amanhã às 20hrs em ponto! Eu sei que vai!
Ao chegar ao meu apartamento não existem vestígios que alguém morou ali, o local estava completamente bagunçado e/ou destruído, parece que haviam me procurado, não podia ficar mais ali, era muito perigoso, reúno minhas coisas, o máximo que der pra levar e quando estou quase pegando o elevador ouço um barulho de descarga, e sai do banheiro um homem não muito alto, parecia bastante jovem, nem mesmo tinha barba, deduzi que tinha pouco menos de dezoito anos, apresentando cabelos negros de tamanho médio com as pontas brancas, camisa branca com mangas compridas, uma faixa branca na testa, calças jeans e sapatênis brancos que por sinal tinha um papel higiênico grudado embaixo. Dessa forma percebe-se que um deles ainda se encontrava no local, ativo o elevador imediatamente, sem pensar duas vezes ele opta pelas escadas para me seguir, os andares vão se passando até chegar ao térreo, ele chega alguns segundos depois de alguma forma, saio rapidamente do prédio e sigo para uma esquina próxima, ele no entanto se esbarra em um senhor que passava e acaba o derrubando, foi o suficiente para eu ganhar tempo e seguir até uma carona e despista-lo, era uma mulher que dirigia, que por sinal era bastante gentil, explico a situação e após alguns minutos de decisão ela me deixa dormir no gramado do fundo de sua casa, ela não confiava em um estranho dentro de casa, bem, é melhor que nada. No dia seguinte agradeço-a, pena que não tenho nada para retribuir, pego um taxi e sigo até a escola onde estudo.
O único local que tinha restado para onde ir, e não sabia quem poderia me ajudar, talvez fosse arriscado envolver meus pais nisto, ao chegar lá os mesmos três garotos de antes, e lá está Ebony entrando pelos portões, ao entrar é barrada por eles e entrega certa quantidade de dinheiro, tento alcança-la, mas me param também;
– Hahaha! Então você voltou ein? Ela tá pagando pelos dias em que você não veio aqui!
Fala um dos garotos
– Isso aí!
Afirma o outro
– Eu estava no hospital esse tempo, não tinha como!
– Não me venha com essa! Trouxe o dinheiro de hoje?
– Não estou com dinheiro no momento! Não disseram que ela está pagando a quantia por mim? Darei um jeito de pagar a vocês e devolver a ela o que ela perdeu, mas deixem a gente em paz por favor!
– Mesmo ela pagando pela sua quantia, sabe, precisamos de mais! Talvez também precisemos de alguns tratamentos especiais particulares dela mais tarde, se é que me entende!
– Façam o que quiserem comigo, mas deixem-na em paz!
– Agora não adianta garoto, você me deixou muito nervoso naquele dia! Vai ter que pagar caro! Quero que você se ponha no seu lugar seu lixo!
Naquele momento, mesmo que eles fossem mais fortes, sabia que não deveria deixar isso desse jeito, pelo bem de Ebony, não quero ninguém sofrendo por minha causa, não havia nenhuma escapatória, se não resolvesse ali eles iriam fazer o que queriam comigo e pior, iriam fazer o que queriam com ela também! É ela que importa! Fico firme e aperto bem meu punho demonstrando estar furioso;
–Hmmm ficou bravinho foi? Acho que precisaremos dar outra lição, sabe? Acorda! Ponha-se no seu lugar maldito pirralho, lixos como você não tem o que dar ordens por aqui! Os fortes dominam e os fracos obedecem! Nunca ouviu isso na vida?
Os dois garotos tentam me segurar novamente, desta vez com um movimento suave e ao mesmo tempo veloz forço os braços de ambos até estarem virados ao contrário e ouvir um estalo, pareciam ter quebrado, o que aparentava ser o líder se encontrava a minha frente, sem pensar duas vezes acerto um chute aéreo golpeando a cabeça dele contra o muro, piso no peito dele com força;
– Sabe, depois de muito tempo ela foi a primeira pessoa que foi realmente legal comigo! E se você fizer qualquer mal a ela daqui em diante eu juro que quebro cada costela que você tem, entendeu bem?
Ele acena com a cabeça indicando que sim, apresentando um olhar de dar pena. Nem mesmo eu sabia o que tinha ocorrido, nunca nem tinha brigado, nem tenho coordenação motora, geralmente em brigas eu só apanhava! Pego todo o dinheiro roubado dos bolsos dos três. Após o ocorrido entro no colégio e prossigo para a aula como se nada tivesse ocorrido, mas e no final do dia? Para onde vou voltar? Lembro-me agora, tenho sim um local para ir, um ponto de ônibus às 20hrs, preciso me encontrar com duas pessoas, algumas coisas precisam ser esclarecidas!